terça-feira, 8 de março de 2016

Ligue 180 dá salto no apoio às mulheres e bate recorde de atendimentos


Mais confiantes, mulheres discam cada vez mais para enfrentar a violência; em 2015 foram 749 mil atendimentos

A Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Ligue 180 atingiu em 2015 o recorde de 749 mil atendimentos. O resultado, obtido no ano em que o serviço completou 10 anos, representou um crescimento de 54,4% em relação aos 485.105 atendimentos prestados em 2014, segundo dados da Secretaria de Política para Mulheres (SPM).

O aumento da procura pelo serviço mostra que a violência contra a mulher está mais visível, mais gritante. Diante de um cenário em que as cidadãos não aceitam mais situações assim, os relatos de agressão não estão sendo feitos só pelas vítimas. Vizinhos, amigos e parentes que presenciam a violência também estão acionando o Ligue 180.

“O serviço teve um grande avanço em 2015. Chegamos a quase o dobro de ligações de 2014 e isso efetiva o Ligue 180 como política pública de credibilidade nacional”, informa a secretária de Enfrentamento da Violência Contra Mulheres da Secretaria de Política para Mulheres, Aparecida Gonçalves.

Referência de credibilidade dentro e fora do Brasil, a central de atendimento é um dos principais meios da Secretaria de Políticas para as Mulheres para acolher vítimas de agressão, prevenir e combater os diferentes tipos de violência.

O Ligue 180 é, por sua importância e capilaridade no território nacional, um serviço que dá poder às mulheres e garante seus direitos. Em um dos mais importantes indicadores da agressão contra a mulher, o Ligue 180 mostrou que em 2015 os relatos de violência aumentaram 44,74% em relação a 2014. Os casos registrados de cárcere privado subiram 325%. Os relatos de violência sexual ficaram 129% maiores e as ocorrências registradas de tráfico de pessoas tiveram alta de 151%

Mulheres mais confiantes

Na visão do governo, a maior procura pelo Ligue 180 ocorre porque as mulheres estão tendo maior acesso a informações sobre seus direitos e aos canais disponíveis para fazer denúncias, além de acesso aos meios legais de prevenção e punição à violência. Com essas informações, as mulheres estão mais seguras e confiantes em buscar ajuda e a fazer denúncias de maus-tratos.

“Há uma conjunção de esforços do Estado para dar resposta efetiva (nas situações de violência) e isso faz as mulheres terem mais segurança e confiança”, diz Aparecida Gonçalves. Segundo ela, a maior parte das ligações está sendo feita por mulheres do meio rural de municípios pequenos, com população de até 50 mil habitantes.

A explicação é que nessas localidades do interior do País não há serviços especializados que possam ajudar e socorrer as vítimas. “O que a mulher tem é o 180”, lembra.

Violência visível

Com mais políticas públicas que enfrentam a violência contra a mulher e com leis (lei Maria da Penha e a lei do feminicídio), que determinam a punição dos agressores, a violência ganhou visibilidade jamais vista. Como resultado, mais e mais pessoas passaram a perceber as ameaças, as torturas, agressões físicas e cárceres privados.

Como em 2014 o Ligue 180 passou a ser também um canal de denúncia, incluindo a denúncia anônima, os relatos sobre os mais diferentes tipos de violência passaram a ser feitos também por vizinhos, parentes e amigos da mulher agredida.

Em algumas situações, as denúncias são feitas por crianças. Nesses casos, as atendentes são preparadas para distinguir trotes dos relatos verídicos de maus-tratos.

“É o que temos falado: que em briga de marido e mulher a gente deve, sim, meter a colher”, afirma a secretária.

Agressão iminente

Segundo Aparecida Gonçalves, há quatro momentos no Ligue 180. EM primeiro, a mulher busca informação e conhecer melhore os seus direitos, como lei Maria da Penha e recebimento de pensão. Em segundo lutar, pedem orientação sobre como agir diante da violência.

O terceiro momento é o da denúncia. Em quarto, as ligações de urgência e emergência direcionadas. Nessas situações de violência iminente, a vítima é orientada a ligar no 190 (Polícia Militar), 197 (Polícia Civil), ao 180 dos Direitos Humanos e o Samu.

Aumentam os casos de estupro

Ao chamar a atenção para o fato de que a violência está mais visível para a sociedade, Aparecida Goncalves informa que casos de estupro coletivo aumentaram e que isso é preocupante. No balanço do serviço 180 de 2015, os casos de estupro tiveram aumento de 154% frente a 2014.

Mais atendentes

Em 2015, foi assegurado ao Ligue 180 uma central com maior capacidade de atendimento. O número de atendentes saltou de 90 para 300.

O reforço é em quantidade e qualidade. Pelo grau de preparo das atendimentos, quando uma dessas profissionais chega a registrar uma denúncia de tráfico de mulheres, por exemplo, é porque tem evidências do crime.

“A Polícia Federal diz que quando chega uma denúncia de tráfico de mulheres pelo Ligue 180, pode colocar o bloco na rua (investigar), porque a coisa é séria. Até porque as atendentes foram muito bem treinadas pela própria Polícia Federal.”


Fonte: Portal Brasil

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