Um dia depois de o Fundo Monetário Internacional (FMI)
reduzir as estimativas de crescimento para o Brasil, o Banco Mundial
divulgou, nesta quarta-feira ((9), relatório dizendo que o país deverá
crescer menos de 2% neste ano. A situação é preocupante, porque combina
baixo crescimento com pressão inflacionária, disse, em Washington, o
economista chefe para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial,
Augusto de la Torre, que hoje apresentou o relatório International Flows to Latin America: Rocking the Boat? (Fluxos Internacionais para a América Latina: Problemas à vista?, em tradução livre).
De acordo com a instituição, o baixo crescimento do país deve-se, em
parte, ao fato de ainda não ter sido implementada “a agenda de reformas
para evitar um cenário de baixo crescimento, poupança limitada e
reduzido investimento”.
Sobre o crescimento, Augusto de la Torre
disse que o normal seria, nessas condições, uma situação de baixa
inflação. O economista ressaltou, porém, que esse é um problema de curto
prazo e que as perspectivas de longo prazo para o país são “sempre”
favoráveis. No curto prazo, recomendou o economista, é preciso resolver
pressões inflacionárias acompanhadas de baixo crescimento.
“O
país tem uma grande riqueza, é o maior da região. Estou otimista com o
crescimento do Brasil. O desafio é crescer a curto prazo. O país precisa
criar mais espaço para uma combinação entre política fiscal e
monetária. A política fiscal precisa ser mais ajustada para abrir mais
espaço na política monetária. A combinação é uma política difícil, mas o
Brasil deveria balancear as duas. Adotar uma política monetária mais
elástica”, disse.
Na região sul-americana, as previsões de
crescimento para este ano variam entre -1%, na Venezuela, e quase 7%, no
Panamá, seguido de perto pelo Peru, com 5,5%. Também acima da média
regional estão o Chile e a Colômbia, com expectativas de crescimento
superiores a 3,5%.
O México terá aproximadamente 3% e mereceu uma
consideração à parte pela onda de reformas, que atingem o setores
bancário, da educação, de telecomunicações, de impostos e energia. Para o
economista, essa onda de reformas aumentou o otimismo dos investidores e
melhorou as perspectivas de crescimento do país, não só este ano.
De
la Torre também apontou as situações que, para ele, representam riscos
globais para a América Latina. Entre elas, estão a política monetária
dos Estados Unidos e o futuro econômico da China. Para o economista do
Banco Mundial, a China deverá crescer 7,5% ou menos, com impacto para o
crescimento da América Latina e suas exportações.
No caso dos
Estados Unidos, a retomada do crescimento e a política de redução das
intervenções do Tesouro norte-americano tornarão a economia daquele país
mais atrativa, com a retirada de recursos dos emergentes, por exemplo.
De la Torre disse que, mesmo assim, o impacto da inversão nos fluxos de
capital é menos significativo na América Latina e no Caribe, pois a
região conta com novos recursos internacionais, mais estáveis.
“Os
mercados financeiros estrangeiros têm volatilidade e certo grau de
instabilidade. As razões são o preços da política monetária dos Estados
Unidos, que vai continuar a ser normalizada. A outro é a expectativa
do futuro da economia na China”, disse o economista.
De la Torre
ressaltou, no entanto, que a região está mais preparada, principalmente a
Colômbia, o Chile, o México, o Peru e o Brasil, que são os países que
podem suportar melhor as pressões globais. Outra boa notícia, segundo
ele, é que, antes de 2003, a América Latina era uma região que devia
muito, mas passou agora a ser um importante credora. Houve ainda aumento
da captação de investimentos estrangeiros diretos (IED) na região na
última década, em detrimento do capital especulativo, mais volátil.
fonte: Agência Brasil
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