segunda-feira, 11 de maio de 2015

Redução de crédito vai provocar a queda de preço dos aluguéis

Momento é bom para inquilino negociar com proprietário e conseguir desconto


As recentes restrições para financiar imóveis anunciadas pelos principais bancos públicos brasileiros — Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, que aumentaram juros e diminuíram o teto para financiamento — devem adiar o sonho da casa própria dos brasileiros.

Por outro lado, os preços dos aluguéis estão mais modestos que há um ano e devem continuar nesse ritmo, segundo especialistas do mercado imobiliário ouvidos pelo R7. De modo geral, os preços ainda não recuaram, mas já é possível fechar contratos por valores bem menores.

O diretor de Locação do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Mark Turnbull, diz que esse comportamento do mercado acompanhou o valor das vendas, que também caíram.

— Muitos proprietários já vêm alugando por menos e a tendência é essa. Nós temos uma pesquisa que mostra que a variação do percentual médio do aluguel vem caindo paulatinamente há cerca de um ano, de 9% até 1,7%, agora em março.

Dono de um apartamento na região do Morumbi, em São Paulo, o comissário de bordo Tiago Cruz percebeu o cenário desfavorável para os proprietários.

— O inquilino anterior pagava R$ 2.200, incluindo condomínio e IPTU. Quando ele saiu, fiquei com o apartamento vazio por três meses. Baixei para R$ 2.000, mas só consegui fechar por R$ 1.850. Se não tivesse baixado, não teria alugado.

O presidente do Corecon-ES (Conselho Regional de Economia do Espírito Santo), Eduardo Reis Araújo, diz que, além dos financiamentos difíceis, a situação econômica do País deixa os brasileiros mais receosos. A tendência é que, por enquanto, boa parte da população evite assumir dívidas.

— As pessoas vão preferir ficar no aluguel neste momento de incerteza. E não é uma decisão eterna. Mas não acredito que isso acelere o mercado de locação. Quem já está vivendo de aluguel continua. Não muda muito.

No Rio de Janeiro, o presidente do Secovi, Pedro Wähmann, aposta em um “impacto positivo no mercado de aluguéis”.

— A velocidade de locação caiu, assim como a velocidade de vendas, em relação ao que era um ano atrás. O inquilino vai negociar mais e o proprietário não vai querer ficar com o imóvel fechado pagando IPTU e condomínio. Aí, acaba baixando o preço. É reflexo de um cenário econômico como este, de expectativa pelo que vai ser feito pelo governo.

Turnbull acrescenta que o momento é bom para aqueles inquilinos que precisam renegociar os contratos.

— Os proprietários de imóveis residenciais, dependendo muito do imóvel, estão mais flexíveis do que há um ou dois anos.

Hermes Alcântara, presidente do Creci-DF (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Distrito Federal), diz que os valores dos aluguéis desaceleraram acompanhando as vendas. Segundo ele, porém, após as restrições dos bancos, deve aumentar o número de inquilinos e consequentemente os preços.

— Agora, nós vamos ter uma demanda por locação, mais renovações, algo que aumenta a demanda no mercado de locação. Isso mexe nos preços, mas não em termos significativos.

Investimento

Pela nova regra, quem quiser financiar imóvel usado pela Caixa Econômica Federal (exceto para uso do FGTS) vai ter que dar 50% do valor como entrada. Araújo, do Corecon-ES, diz que o interessado em adquirir a casa própria, mesmo que tenha algum dinheiro guardado, precisa fazer as contas.

— Se a pessoa não tem todo o valor da entrada e não vai poder fazer aquela operação com a Caixa, vai ter que procurar outro banco. Tem que ter prudência para avaliar o custo do financiamento. A Caixa geralmente pratica juros mais baixos, os outros bancos, não. Tem que fazer uma conta benfeita para verificar o quanto essa decisão irá repercutir em aumento dos juros no montante do financiamento, para ver se no final não vai pagar um apartamento e meio.

Esperar no aluguel até o cenário econômico brasileiro melhorar pode não ser tão ruim, segundo o economista.

— Uma recomendação é procurar uma corretora de valores e investir esse dinheiro em LCI (Letras de Crédito Imobiliário) ou LCA (Letras de Crédito Agrícola). O rendimento pode chegar a 13% ao ano e isento de Imposto de Renda. [...] Nem sempre comprar um imóvel é um bom negócio, tem que fazer contas.

Fonte: R7

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