O Brasil é referência mundial em combate ao trabalho escravo, apesar de
diversos problemas e desafios a enfrentar. A declaração foi feita pelo
coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), Luiz Machado, no 3º Encontro das Comissões
Estaduais para a Erradicação do Trabalho Escravo (Coetraes), hoje (10), na
capital paulista. “Nós temos mecanismos que não encontramos em nenhum outro
lugar no mundo como os grupos especiais de fiscalização que atendem a todo o
território”.
Ele destacou, também, o Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho
Escravo, do governo federal, com diversas ações, algumas cumpridas, outras em
andamento e outras precisando ser aceleradas. “Como a prevenção e assistência à
vítima porque precisamos romper o ciclo vicioso da escravidão. O trabalhador
apesar de ser resgatado continua vulnerável e muitos voltam para a escravidão”.
Segundo Machado, no Brasil os mais vulneráveis são homens
adultos, pobres de regiões com baixo índice de desenvolvimento, em busca da
trabalho em outros estados ou mesmo aliciados. Entretanto, no mundo, as
mulheres e crianças são mais escravizadas. “É um crime dinâmico e em outros
lugares do mundo está envolvido com tráfico de pessoas
A coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Estado de
São Paulo, Juliana Felicidade Armede, informou que em São Paulo, a maioria dos
trabalhadores escravizados está na área rural. “Existem estados no Brasil muito
ricos, mas empobrecidos em políticas públicas. Em muitos locais as pessoas não
tendo acesso a esses benefícios não se inserem no mercado de trabalho e quando
se inserem acabam ficando em situação de escravidão”.
Outra realidade á a questão imigratória que tem ocorrido a partir da crise
econômica internacional de 2008. São Paulo e outros estados do Brasil foram
pontos de convergência importante, além de brasileiros que passaram anos fora
do país e estão voltando. “Quando eu estou desconectado da realidade nacional e
sem acesso a essas políticas públicas também estou vulnerável”.
No meio urbano o principal foco de trabalho escravo está na construção civil
e na indústria têxtil. Já no rural está ligado tanto com a pequena produção
quanto com a grande. “Dentro desses dois universos há uma diversidade de
problemas. Isso ainda acontece porque temos um perfil de produção que não
garante isonomia às pessoas. Há sempre um grupo mais explorado e um que
explora. Não conseguimos evoluir do ponto de vista de estruturas econômicas
capazes de acompanhar os problemas sociais”.
Fonte Agência Brasil
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