Presos na última sexta-feira (14), executivos das empresas Engevix
Engenharia S.A. e da Construtora Queiroz Galvão S.A. negaram, em depoimento na
Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, a participação em um
suposto cartel que superfaturava contratos da Petrobras para pagamento de
propina a parlamentares e partidos políticos.
Aos policiais Carlos Eduardo Strauch Albero e Newton Prado Junior, da
Engevix, e Idelfonso Colares Filho e Othon Zanoide de Moraes Filho, da Queiroz
Galvão, disseram não ter conhecimento da formação de cartel. Os executivos
foram ouvidos no fim de semana, mas os depoimentos só foram liberados nesta
segunda-feira (17).
A existência do cartel atuando nas empresas com contrato com a Petrobras foi
mencionada pelo ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa e pelo doleiro
Alberto Youssef durante interrogatório no dia 8 de outubro. No depoimento,
Costa disse que as empresas superfaturavam os custos, os lucros indiretos, o
chamado BDI, e repassavam 3% do valor dos contratos para agentes
políticos.
A investigação da PF indica ainda que as contas bancárias das empresas MO Consultoria
e GFD Investimentos, controladas por Youssef, receberam R$ 90 milhões entre
2009 e 2013 da Engevix e das empreiteiras Mendes Júnior, Galvão Engenharia e
OAS.
Apesar de negarem a existência do cartel, os executivos da Engevix disseram
ter tido contato com Youssef, que se apresentou como “senhor Primo”. Durante
seu depoimento, Carlos Eduardo Strauch Albero disse inclusive que entregou um
envelope no escritório do doleiro.“Fui entregar um envelope, a pedido da alta
direção, no escritório desse senhor Primo, no bairro do Itaim, não lembro o
exatamente o local”, disse Albero aos policiais. O executivo afirmou
desconhecer o conteúdo do envelope.
Já o os executivos da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho (presidente), Mateus
Coutinho de Sá Oliveira (diretor-financeiro), Agenor Franklin Magalhães
Medeiros (diretor vice-presidente da Área Internacional), Alexandre Portela
Barbosa (advogado) e José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário,
permaneceram calados durante o depoimento.
Realizada na última sexta, a sétima fase da Operação Lava Jato resultou na
prisão de 20 pessoas, entre elas, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato
Duque. Foram cumpridos seis mandatos de condução coercitiva e os investigados
não localizados tiveram os nomes incluídos no sistema de procurados da PF.
As prisões ocorreram em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em
Pernambuco e no Distrito Federal. Os agentes apreenderam registros e livros
contábeis, recibos, agendas, ordens de pagamento e documentos relacionamentos à
manutenção e movimentação de contas no Brasil e no exterior. Foram apreendidos
também HDs, laptops, pen drives, smartphones e
agendas manuscritas e eletrônicas dos investigados.
Fonte Agência Brasil
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