O envelhecimento da população brasileira segue em ritmo acelerado, mas a
preocupação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é que esse
envelhecimento ocorre conjuntamente com a redução do crescimento populacional.
Esse é um dos principais temas abordados no livro lançado hoje (18) pelo Ipea Novo
Regime Demográfico: Uma Nova Relação entre População e Desenvolvimento
Econômico, que inclui 21 artigos de 25 pesquisadores do órgão, vinculado à
Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
“Por um lado, cresce o segmento idoso, que vai demandar Previdência, outros
cuidados, gastos de saúde, e do outro lado, diminui a população
trabalhadora, que é a que contribui para pagar esses custos. Então, você
tem uma balança desequilibrada”, avaliou em entrevista à Agência Brasil,
a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Ana Amélia Camarano.
A questão está sendo discutida internamente no instituto. Ana Amélia disse
que a sociedade vai ter que se ajustar a essa nova realidade, que implica um
crescimento econômico superior a 3% ao ano do Produto Interno Bruto
(PIB), que é a soma dos bens e serviços produzidos no país. Caso contrário, a
consequência será aumento do déficit previdenciário.
“Se a economia não crescer, você não tem como pagar [os gastos com o
segmento idoso da população]”. Ana Amélia comentou que, para manter a atual
proporção de gastos previdenciários em relação ao PIB, “a economia tem que
crescer 3,3% ao ano”, o que vai exigir investimentos e poupança. A pesquisadora
observou, porém, que as decisões sobre onde deverão ser feitos os
investimentos serão políticas. “Mas, de qualquer maneira, a economia tem que
crescer”, reiterou. Ela explica que o fato da população não crescer também
impacta na economia.
Ana Amélia admitiu que, teoricamente, a solução para esse desequilíbrio na
balança demográfica passa pelo incentivo ao nascimento de mais crianças no
Brasil. Ela destacou, entretanto, que políticas de natalidade são ineficazes. “A
experiência europeia e do Japão vem demonstrando isso”. Ana Amélia diz que o
importante é valorizar novamente os filhos e o ato da maternidade, porque,
hoje, a carreira feminina está supervalorizada.
A técnica do Ipea acredita que atualmente essa carreira é incompatível com o
aumento da fecundidade. Na análise de Ana Amélia Camarano, é necessário que o
governo dê condições para que a mulher possa compatibilizar a carreira e a
maternidade.
Fonte Agência Brasil
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