Um dia após a deflagração da sétima fase da Operação Lava Jato, o ministro
da Justiça José Eduardo Cardozo disse, hoje (15), em entrevista na sede da
Presidência da República em São Paulo, que a Petrobras “não pode e não vai
parar”, apesar do escândalo de corrupção que envolve a empresa. “Se por um lado
as investigações tem que prosseguir, de outro lado, a Petrobras não pode
parar”, disse o ministro.
Ele ressaltou que conversará com a presidenta da empresa, Graça Foster, para
que "se tenha clareza" sobre a forma como o governo atuará com
relação aos contratos firmados entre a Petrobras e as demais empresas
envolvidas na investigação de corrupção. “A Petrobras não parará, continuará
atuando e a lei será respeitada. A melhor defesa que precisamos fazer da
Petrobras, que é uma empresa vital para o país, é investigar os fatos, apurar
as ocorrências e punir pessoas”.
Sobre os contratos investigados na Petrobras, Cardozo disse que eles “serão
analisados caso a caso para ver que medidas serão tomadas”. Acrescentou, ainda,
que “a Petrobras não pode parar mesmo que alguma irregularidade seja constatada
em qualquer contrato”. Segundo o ministro “tudo será analisado cuidadosamente”,
acrescentou o ministro.
Eduardo Cardozo disse que informou a presidenta Dilma Rousseff, que está na
Austrália, sobre a operação. “Passei os dados à presidenta Dilma. Ela está
ciente das investigações. No momento em que pude ter acesso, por força do
sigilo, aos dados, eu repassei a ela e ela transmitiu o que estou dizendo: peça
à Polícia Federal que prossiga com firmeza na apuração das irregularidades e que
proceda com lisura e imparcialidade nas investigações e zele para que tudo seja
esclarecido'”, esclareceu.
Cardozo ressaltou que a Polícia Federal está cumprindo o seu papel e que o
governo não aceitará, em qualquer momento, “insinuações de que se criaram obstáculos”
para a investigação. Ele frisou que o governo federal quer que todos os atos
ilícitos sejam apurados e o responsáveis punidos. Sem citar nomes, o ministro
criticou parlamentares e partidos que fazem uso político da operação. “Há
aqueles que ainda acham que estamos em uma disputa eleitoral, mas, talvez, não
tenham percebido que o resultado das urnas já foi dado e que há vencedores”.
“Repilo veementemente a tentativa de se politizar essa operação”, reagiu o
titular do Ministério da Justiça. Indagado se estava se referindo a algum
político em particular, o ministro respondeu que se referia “a qualquer pessoa
que esteja tentando transformar isso em palanque, tentando manter o clima
eleitoral”. “Talvez Freud [criador da psicanálise] explique”, acrescentou.
Cardozo disse que a investigação atinge, também, políticos de partidos de
oposição ao governo e que, independentemente do partido, todos serão
investigados. “Essa acusação contra políticos sejam da base aliada ou da
oposição tem que ser apurada. Se as pessoas estão envolvidas, precisam ser
punidas”.
De acordo com ele, as investigações da Lava Jato “vão continuar doa a quem
doer”, sendo o político do governo ou da oposição. “Tudo precisa ser
investigado pouco importando cor político- partidária”, acrescentou.
Durante a entrevista, o ministro atualizou as informações sobre a Operação
Lava Jato. Segundo ele, 49 mandados de busca e apreensão, determinados pela
Justiça, foram executados sem nenhum incidente. Das nove conduções coercitivas
determinadas pela Justiça, seis foram cumpridas e outras três estão pendentes
de cumprimento.
O balanço apresentando informa, ainda, que dos seis mandados de prisão
preventiva, quatro foram cumpridos e, dos 19 mandados de prisão temporária, 15
foram executados, ou seja, 19 pessoas ao foram presas durante a operação. “Os
que ainda não foram localizados para a execução dos mandados de prisão são
foragidos”, disse o ministro. Durante a operação foram bloqueados R$ 720
milhões, proporcional ao valor dos contratos firmados pelas empresas. “Salvo
situação de excepcionalidade em três empresas em que, por suas características,
tudo foi bloqueado”.
Fonte Agência Brasil
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