Governistas e oposicionistas negaram hoje (6) que tenham entrado em acordo
ontem (5) sobre quem seriam os convocados para depor na Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras. Embora houvesse uma chamada pauta-bomba
na comissão, com requerimentos de convocação de tesoureiros e membros de
partidos políticos, os parlamentares acabaram apreciando apenas requerimentos
para convocação de empresários e pessoas menos conhecidas, apontados pela
Polícia Federal no esquema de corrupção da Operação Lava Jato.
Ontem, o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), chegou a
declarar, após reunião a portas fechadas com os líderes partidários, que eles
tinham feito um acordo para não chamar “políticos” para depor, em razão do
pouco tempo que resta para a CPMI. Hoje, os partidos de oposição divulgaram
nota negando tal acordo.
Os líderes dos partidos de oposição (PSDB, DEM, SDD e PPS) "rechaçam
veementemente o suposto acordo anunciado ontem pelo relator da CMPI da
Petrobras", deputado Marco Maia. Do mesmo modo, o deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP) classifica como “vergonhosa” a citação de seu nome como partícipe de
um acordo para proteger quem quer que seja, e nega qualquer articulação para
beneficiar agentes políticos, de acordo com nota assinada pelos líderes dos
quatro partidos.
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), também divulgou
nota negando que seu partido tenha feito acordo para evitar que a CPMI
investigue determinadas pessoas. “O PSDB não pactua com qualquer tipo de acordo
que impeça o avanço das investigações da CPMI da Petrobras. Lutamos pela
instalação da CPMI. Temos de ir a fundo na apuração do chamado 'petrolão' e na
responsabilização de todos que cometeram eventuais crimes, independentemente da
filiação partidária. Esta é a posição inarredável do PSDB”, diz a nota.
Procurado, o relator da CPMI procurou esclarecer o que disse ontem e negou
que tenha havido acordo para evitar a investigação sobre políticos de oposição
ou governo. Segundo ele, o que houve foi um acordo de “procedimento sobre o
funcionamento da CPMI até o final”. A comissão deverá entregar e votar o
relatório final até 18 de dezembro.
“O que nós acordamos era aquilo que era possível ser realizado de oitivas
até o final da CPMI. Não há, em absoluto, nenhum entendimento, nenhum acordo em
relação à votação do relatório, nem para inocentar alguém, nem para deixar de
investigar aquele político, aquele partido, o que quer que seja”, disse Maia.
Ele admitiu, no entanto, que os líderes optaram por deixar para a próxima semana
a apreciação dos requerimentos que tratam da convocação do empresário Leonardo
Meireles, do diretor Renato Duque e do ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado, porque esses eram “nomes polêmicos”. Além disso, Marco Maia reiterou
que houve opção pela não convocação de políticos citados na delação premiada do
doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor Paulo Roberto Costa.
“Alguém me perguntou se políticos seriam chamados, e eu disse que não,
porque não há prazo e porque políticos foram citados em delação premiada.
Enquanto nós não tivermos acesso à delação premiada, nós não podemos saber como
essas pessoas foram citadas, do que elas são efetivamente acusadas”, disse
Maia.
Os membros da CPMI da Petrobras se reúnem novamente, na próxima terça-feira
(11), e podem votar novos requerimentos para depoimentos ou para quebras de
sigilos de empreiteiras citadas pelos delatores como pagadoras de propinas a
partidos políticos, por meio de contratos com a companhia.
Fonte Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário