A CPI mista que investiga supostas irregularidades na Petrobras fará nesta
terça-feira (2), às 14h30, uma acareação entre os ex-diretores da empresa Paulo
Roberto Costa (Refino e Abastecimento) e Nestor Cerveró (área Internacional). A
presença de ambos está confirmada, mas eles poderão se recusar a falar durante
a sessão.
Durante depoimento prestado em acordo de delação premiada, Paulo Roberto Costa
teria apontado Nestor Cerveró como um dos funcionários da Petrobras
beneficiados por suposto esquema de pagamento de propina instalado na empresa.
Cerveró, porém, disse durante depoimento à CPI mista, em setembro, que desconhecia
a existência do esquema.
Para confrontar as duas versões, os parlamentares farão uma acareação nesta
terça-feira. Há dúvida, porém, se Costa responderá às perguntas, uma vez que
firmou acordo de delação premiada com a Justiça, que ainda está em sigilo.
Quando foi pela primeira vez à comissão, em setembro, recusou-se a falar.
O advogado do ex-diretor de Refino e Abastecimento, João Mestieri Filho, não
revelou se o cliente pretende prestar esclarecimentos aos parlamentares, mas
lembrou que o processo corre em sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Sobre detalhes [da acareação] que prefiro não me manifestar agora, porque é
um assunto que está sob sigilo no STF”, afirmou o advogado. “Mas ele não se
exime de ir. Estará presente”, completou.
Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal em março durante a Operação
Lava Jato, ganhou o benefício
da prisão domiciliar após contribuir com as investigações por meio de um
acordo de delação premiada. O acordo foi homologado pelo STF, mas permanecerá
sigiloso até que o ministro responsável, Teori Zavascki, apresente denúncia.
Quando autorizou depoimento
de Costa ao Ministério Público do Rio de Janeiro, na semana passada, o juiz
Sérgio Moro afirmou que o ex-diretor não deveria falar sobre assuntos sigilosos
nem sobre o envolvimento de autoridades com foro privilegiado, como
parlamentares. Moro é o responsável pela Operação Lava Jato na Justiça Federal
do Paraná.
“Entendo que a oitiva deve ser cercada de cuidados para não ingressar em
crimes ou questões de possível competência do Supremo e sobre os quais aquela
Suprema Corte mantém sigilo decretado”, escreveu Moro sobre o depoimento ao MP
do Rio.
Para o autor do pedido de acareação, deputado Enio Bacci (PDT-RS), se Paulo
Roberto Costa decidir ficar calado, perderá a oportunidade de “pedir perdão”.
“Está faltando ao Paulo Roberto Costa um pouquinho de coragem. Ficar calado
significa que ele tá fazendo essa delação apenas para não tomar uma cadeia
grande, mas não para pedir desculpas à nação”, afirmou o parlamentar.
Segurança
Paulo Roberto Costa deverá deixar o Rio de Janeiro, onde cumpre prisão
domiciliar, na manhã desta terça-feira (2), segundo seu advogado. Todo o
traslado até Brasília será feito pela Polícia Federal, que será responsável
pela escola do ex-diretor durante todo o tempo que permanecer fora do Rio de
Janeiro.
No Senado Federal, onde funciona a CPI mista, a Polícia Legislativa será
responsável pela segurança de Costa. Um esquema especial está sendo montado no
prédio. O acesso ao público será limitado na ala onde funciona a comissão.
Cerveró e Costa serão posicionados em pontos distintos da sala e não deverão
ter contato físico um com o outro. Toda a sessão será acompanhada por policiais
legislativos. Por recomendação do juiz Sério Moro, Paulo Roberto Costa não
deverá usar algemas.
Fonte Globo.com
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