O Parque da Cidade, que abrigou o prédio do
antigo 1º Batalhão de Infantaria Blindada do Exército (BIB) de Barra Mansa,
região sul do estado do Rio de Janeiro, recebeu hoje (7) a visita de ex-presos
políticos do período da ditadura e parentes de soldados que foram torturados e assassinados
no local. O assassinato dos soldados foi o único caso do regime militar que
resultou no julgamento e condenação de militares.
A visita foi acompanhada por pesquisadores da
Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Comissão Municipal da Verdade de
Volta Redonda, assim como das comissões Estadual do Rio e Nacional da Verdade.
A visita teve como objetivo identificar os locais onde os presos foram
torturados durante o funcionamento do 1º BIB e registrar, através de
fotografias e filmagem, as instalações e seus entornos.
“As Forças Armadas continuam negando que não
houve desvio de finalidade nas instalações militares, sendo que, nesse episódio
de 15 soldados presos e torturados, a Justiça Militar acabou condenando os
responsáveis pela tortura e morte dentro do BIB. Foi o único caso em que isso
ocorreu durante a ditadura militar e, por isso, não podemos nos conformar com
as declarações dadas pelas instituições militares”, disse Nadine Borges,
presidente da Comissão da Verdade do Rio, que acompanhou a diligência ao lado
de Alejandra Estevez, representante da Comissão Nacional da Verdade, e Alex
Martins, presidente da Comissão Municipal de Volta Redonda.
Os ex-presos políticos Edir Alves de Souza,
Antônio Liberato Geremias e Lincoln Botelho também acompanharam a
diligência e reconheceram os locais da tortura, as celas e solitárias, além do
local conhecido por “submarino”, onde funcionava um paiol e servia para a
prática de tortura psicológica, pois o preso não conseguia discernir quando era
dia e noite.
Edir Inácio da Silva, um dos ex-militares que
também acompanhou a diligência, disse que “a tortura não acontecia apenas com o
preso político”. Para o presidente da Comissão Municipal da Verdade de Volta
Redonda, Alex Martins, “através desses depoimentos vamos entender a
logística dessa estrutura e como funcionava a unidade”.
O 1º BIB serviu como centro de tortura e
detenções de 1964 a 1973, onde se estruturou a repressão militar para a região
sul do estado do Rio de Janeiro. Atualmente no local estão instalados um circo,
o comando da Guarda Municipal e a Secretaria de Desenvolvimento Rural. Foi lá
que, em janeiro de 1972, quatro soldados - Wanderlei de Oliveira, Juarez Monção
Virote, Roberto Vicente da Silva e Geomar Ribeiro da Silva - foram torturados e
mortos.
Fonte Agência Brasil
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