Os cinco jovens que morreram após serem baleados na segunda (13) por um grupo
de criminosos no Parque Paulista, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, podem
ter sido confundidos com traficantes de drogas. Como mostrou o Bom Dia Rio
nesta quarta-feira (15), o delegado João Luiz Costa, da Divisão de Homicídios
(DH) da Polícia Civil, disse que os agentes investigam a possiblidade de que
parte dos meninos tenham sido mortos por engano. Apenas um menino de 12 anos
sobreviveu aos ataques.
"Eles chegaram e perguntaram se esses jovens pertenciam ao tráfico
entorpecente local e logo após partiram para as agressões que resultaram na
morte. As pessoas estavam conversando ali naquele momento em um local muito
próximo de onde era praticado o tráfico de drogas e algumas delas podem ter
sido confundidas sim”, explicou.
Ainda segundo João Luiz Costa, duas vítimas já tinham passagem pela polícia
quando eram menores. "Dois deles responderam por fato análogo ao roubo
quando eram adolescentes", contou.
Sobrevivente por falta de munição
O menino de 12 anos que sobreviveu à
chacina de segunda (13) em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, contou a
investigadores da Polícia Civil que só escapou de ser assassinado porque as
balas dos criminosos acabaram, pouco depois de ser atingido na barriga.
O delegado titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, Pedro
Henrique Medina, disse nesta terça-feira que a principal linha de investigação
é a ação de grupos de extermínio. Por volta das 20h30, um bando de cinco
criminosos encapuzados chegou de carro e atirou contra os seis jovens que
tinham entre 12 e 21 anos. Segundo a policia, três morreram no local e outros
dois após atendimento no hospital.
"Ainda estamos apurando a motivação dos crimes. É um caso difícil, já
que os atiradores usavam toucas ninjas. Pelo modus operandi, tudo indica que
foi uma ação de um grupo de extermínio", explicou.
Em nota, a Anistia Internacional condenou a violência e lembrou que o Brasil
é um dos países com mais homicídios no mundo. "A Anistia Internacional
manifesta seu repúdio à violência indiscriminada que atinge os jovens
brasileiros, em especial moradores de favelas e bairros de periferia", diz
o texto.
Região de tráfico e milícia
Ainda segundo o delegado, a polícia já realizou ações contra o tráfico e contra
grupos de milícia anteriormente na região do Parque Paulista. No entanto, ainda
é prematuro definir se os ataques teriam partido de um desses grupos.
"Ainda vamos ouvir familiares em um segundo momento. A linha de
investigação de grupos de extermínio pode significar uma ordem para limpar a
área, por exemplo. Existem ações como essa que estão inseridas no contexto de
atuação da milícia ou da briga de facções, mas ainda é prematuro dizer",
declarou.
Os jovens maiores de idade foram identificados como Denis Alberto de Jesus e
Paulo Sérgio, ambos de 18 anos. Um deles, segundo testemunhas, estaria usando
uniforme da escola. Segundo moradores do local, os menores se conheciam e
estavam juntos na rua na hora do crime, após uma partida de futebol.
Pedido de paz e justiça
Na terça-feira (14), moradores do Parque Paulista se reuniram na esquina das
ruas 36 com a 22, local dos crimes, com cartazes pedindo paz e o fim da
violência na região. Segundo eles, as mortes foram uma "covardia".
"Eles passaram atirando por volta de 20h30 da noite. Foi uma covardia,
poderia ter sido qualquer um de nós. Eram crianças que estavam voltando para
casa depois do futebol", explicou a cunhada de uma das vítimas, que
preferiu não se identificar.
Por volta das 11h desta terça, ainda era possível ver um lençol e sacos
plásticos sujos de sangue no local das execuções. A PM fazia patrulhamento na
região.
Para a população, o bairro sofre com a falta de policiamento ostensivo e com
o aumento dos assaltos. "Saio para trabalhar com medo, os bandidos chegam
armados e roubam todo mundo no ponto de ônibus", relatou outra moradora,
que também preferiu ter sua identidade em sigilo.
Fonte Globo.com
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