A polícia fazia uma operação no início da manhã desta terça-feira (14) para
desarticular uma quadrilha que realizava abortos no Rio de
Janeiro. Ao todo, são 75 mandados de prisão e 118 mandados de busca e
apreensão contra integrantes da principal organização criminosa responsável
pela prática de abortos. Até as 7h duas pessoas já tinham sido presas em
Bonsucesso, na Zona Norte.
Segundo a Polícia Civil, oito policiais civis, 10 médicos, um falso médico,
quatro policiais militares, um bombeiro militar, três advogados e um militar do
Exército Brasileiro estão entre os que tiveram prisão decretada pela 4ª Vara
Criminal da Comarca da Capital.
A investigação, que durou 15 meses, é a maior já realizada para combater
esse tipo de prática criminosa no Brasil, em um inquérito policial com 56
volumes e 14.108 páginas. O levantamento mostrou que duas mil mulheres teriam
se submetido a alguma intervenção em clínicas clandestinas e 80 delas já foram
ouvidas pela polícia.
Durante a apuração, a Corregedoria Interna da Polícia Civil do Rio de
Janeiro (COINPOL) constatou que a organização criminosa era dividida em sete
núcleos, com área de atuação na capital e na Região Metropolitana. Ao longo das
últimas décadas, eles realizavam manobras abortivas em mulheres nas mais
variadas fases de gestação, incluindo as avançadas, pelas quais eram cobradas
quantias mais elevadas.
A organização criminosa, além de atender gestantes do do Rio de Janeiro,
prestava serviços para mulheres grávidas de outros estados, atendendo sempre em
locais sem quaisquer condições de higiene e salubridade, expondo a risco a
integridade física e a saúde das pacientes.
A Operação Herodes conta com a participação de 70 delegados e 430 agentes da
Polícia Civil, com o uso de 150 viaturas e apoio da Corregedoria Geral
Unificada (CGU), da Corregedoria Interna da Polícia Militar e do Exército
Brasileiro. Havia equipes de policiais civis também em São Paulo e Espírito
Santo para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão.
Casos recentes
Dois casos recentes de abortos chamaram a atenção da sociedade. Jandira
Magdalena dos Santos, de 27 anos, morreu durante o procedimento de aborto.
O corpo foi encontrado dentro de um veículo queimado na Zona Oeste da cidade.
Depois de mais de um mês de investigações, nove pessoas foram indiciadas pelos
crimes de homicídio qualificado, aborto, ocultação de cadáver e formação de
quadrilha.
Elizângela
Barbosa, de 32 anos, também morreu depois de ser submetida a um aborto em
Niterói, Região Metropolitana do Rio. A mulher, que tinha três filhos, estava
grávida de cinco meses e decidiu não ter o quarto filho. Na operação, um tubo
de plástico foi deixado dentro do útero, fato que foi comprovado pelos
legistas. Na delegacia, o marido dela disse que deixou a esposa na periferia de
São Gonçalo, onde ela se encontrou com um homem que a levaria à clínica de
aborto. Na bolsa, a vítima levava R$ 2,8 mil para pagar pelo procedimento.
Fonte: Globo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário