Ética e Direitos Humanos no Ambiente Corporativo foi o tema em discussão no
10º Seminário do Fórum Nacional de Gestão da Ética nas Empresas Estatais, que
começou hoje (16) em Brasília. O evento reúne, durante dois dias, além das 19
empresas estatais que integram o fórum, integrantes da sociedade e
especialistas.
Rosa Maria Albuquerque, gerente de Responsabilidade Social da Eletronorte e
coordenadora do seminário, disse que o debate da questão dos direitos humanos é
fundamental. “Uma empresa não tem como girar sem implementar os direitos
humanos e cumpri-los, é ético. Então essa vinculação para nós é indissolúvel”.
Segundo ela, o fórum foi criado para que as empresas estatais possam debater o
tema da ética pública levando em conta as peculiaridades que apresentam.
Uma das palestrantes de hoje, a coordenadora de Responsabilidade Social
da Itaipu Binacional, Heloisa Covolan, destacou que as empresas não podem
ignorar o seu papel social e devem respeitar os direitos humanos.“Ela pode
promover a equidade dentro dela, evitar o assédio moral, sexual, promover a
ética”, disse. Espaços para que sejam feitas reclamações e deem uma resposta
aos funcionários também são importantes. Heloisa ressaltou também a importância
das estatais na proliferação das ações não só na comunidade que a rodeia, mas
entre os que trabalham com ela como os fornecedores, por exemplo.
“Se ela não promove o trabalho análogo ao escravo, se ela não usa o trabalho
infantil, ela pode orientar, educar os fornecedores a não fazer isso também.
Começa a colocar nos seus contratos requisitos [com relação a isso]”, disse.
Aspectos com o pacto global desenvolvido pela Organização das Nações
Unidas (ONU) com princípios para orientar as empresas em temas ligados aos
direitos humanos, a relação entre a empresa e a comunidade que a rodeia e o
papel dos consumidores nesse processo, também foram abordados pela palestrante.
Com relação às ações dentro de Itaipu, Heloisa explica que a empresa tem
ações ligadas ao tema, mas que não eram chamadas de atividades de direitos
humanos. Hoje estão fazendo um levantamento dessas práticas. “Vamos bater essa
fotografia e confrontar com documentos orientadores de nível global, mundial e
nacional e vamos chegar a constituir uma política de direitos humanos para
empresa”.
Outro tema abordado no seminário, foi a relação entre ética e direitos
humanos e a educação. O educador Tião Rocha disse que o ao respeitar as
diferenças entre as pessoas, se trabalha tanto a educação como a ética. “Quando
você é colocado em uma perspectiva em que ser diferentes é ser desigual porque
eu me acho mais que você, estamos em uma situação antiética porque estou me
achando melhor”.
Para ele, quando esse tipo de ação é transportada para dentro das empresas,
as desigualdades podem levar à violação de direitos. “Quando uma empresa
incorpora isso nas atitudes dela, em que o porteiro é menor que o diretor, e
usam isso para criar uma hierarquização de poder e não de aprendizagem, eu acho
que a ética está indo pelo ralo. Aí você passa para a questão de abusos,
assédios, desrespeita o papel da mulher, da gestante, do negro”, completou.
O seminário continua amanhã (17), quando serão apresentadas ações e casos
exitosos da implementação dos direitos humanos dentro das empresas estatais.
Fonte Agência Brasil
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