A Comissão Nacional da Verdade (CNV) esteve hoje
(23) com peritos e ex-presos políticos no local que foi considerado o principal
centro de tortura da ditadura militar no Rio de Janeiro: o antigo prédio do
Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa
Interna (DOI-Codi), na Tijuca, na zona norte. Nos cálculos da CNV, pelo menos
30 ativistas que presos no local estão desaparecidos e podem ter sido levados
para outros centros do regime militar, como a Casa da Morte, em Petrópolis, na
região serrana do estado.
Segundo o presidente da CNV, Pedro Dallari, o
objetivo da diligência é detalhar, no relatório final do órgão que deve ser
apresentado até o final de 2014, a utilização da instalação militar para a
tortura, a morte e o desparecimento de pessoas. “Nosso objetivo é apurar os
fatos. A visita de hoje, com a presença das vítimas indicando com clareza os
locais [da violação de direitos humanos] nos permitirá ter um croqui de como
era a distribuição desse espaço”, disse. A CNV também fará, hoje, o
reconhecimento do Hospital
Central do Exército, no bairro de Benfica, onde foi comprovada a morte, sob
tortura, do ativista Raul Amaro Nin Ferreira.
Com mais elementos que provam o uso de
instalações militares para a tortura, em desvio de finalidade, o presidente da
CNV avalia que poderão ser abertos, pelas Forças Armadas, processos
administrativos para cassar a aposentadoria dos militares envolvidos nas
práticas. “As instalações militares não foram criadas para isso [tortura]”,
reforçou Dallari.
Durante a diligência, ex-presos políticos
indicaram salas onde ficaram presos. “Está bem modificado, têm construções
novas, mas alguns locais nós reconhecemos bem, como a sala roxa, o local
da geladeira (onde a temperatura variava ao extremo), o local onde colocaram
jacaré no meu corpo nu, o local do fuzilamento simulado e a enfermaria, onde
atendia o médico Amílcar Lobo para nos liberar de volta para a tortura”, contou
a ativista Ana Miranda.
Integrante da Comissão Estadual da Verdade
(CEV-Rio), o ex-preso político Álvaro Caldas, que já esteve no local outras
vezes, disse que visita, com os ativistas entrando pela porta da frente, é um
marco. “Hoje estou revistando o local da minha tortura - em pau de arara- de
forma mais demorada, longa, com peritos analisando. Cumpri uma missão histórica
para o país”, disse. Ele lembrou que testemunhos e documentos compravam que
morreram ali o deputado Rubens Paiva e o desaparecido político Mário Alves,
fundador do PCBR, durante o regime.
Em junho, as instituições militares declararam à
Comissão Nacional da Verdade que não
houve desvio de finalidade do uso de suas instalações, durante a ditadura
militar.
Fonte Agência Brasil
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