No país, cerca de 140 mil crianças e jovens estão
fora da escola devido a deficiência, transtornos de desenvolvimento, autismo e superdotação,
segundo levantamento na base de dados dos que recebem o Benefício de Prestação
Continuada (BPC) na Escola e têm até 18 anos. A discussão sobre garantir o
direito à educação inclusiva a todos os que têm deficiência é tema da Semana de Ação
Mundial, que ocorre entre 21 e 27 de setembro e este ano tem como tema o
Direito à Educação Inclusiva – Por Uma Escola e Um Mundo para Todos. Como parte
das atividades da semana, um seminário foi realizado hoje (23), em Brasília.
A coordenadora executiva da Campanha Nacional
pelo Direito à Educação, Iracema Nascimento, avalia que houve avanços
significativos na inclusão das pessoas com deficiência nas escolas. No entanto,
diz que, para ampliar os resultados do trabalho e garantir as matrículas das
pessoas com deficiência em escolas regulares, é preciso superar fatores como a
falta de estrutura escolar e também ampliar a qualificação de professores e
vencer a resistência de famílias. “ Às vezes, há resistência até das famílias,
que ficam temerosas de que suas crianças sejam maltratadas”, disse Iracema.
Dados da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, obtidos a partir do Censo Escolar de 2013, do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apontam que apenas 6%
dos professores que atuam na educação básica têm formação continuada específica
em educação especial de, no mínimo, 80 horas.
Mãe de um adolescente com paralisia cerebral,
Keila Chaves fundou o Centro de Apoio a Mães dos Portadores de Eficiência
(Campe). Ela relata que enfrentou dificuldades para matricular o filho em
escola regular. Segundo ela, é fundamental que as famílias se mobilizem e
busquem informações para garantir o direito à educação inclusiva. “Não sabíamos
que a educação era um direito. Quando eu chegava na escola atrás de vaga, a
resposta era que lá não era lugar para o meu filho, que a escola não estava
preparada. Eu até começava a me condenar por buscar isso para ele”, relata.
Keila conta que sua percepção sobre o direito à
educação mudou quando ela tomou conhecimento da Declaração de Salamanca, que
trata dos princípios, política e práticas em educação especial. A
declaração foi aprovada em 1994 na Conferência Mundial de Necessidades Educacionais
Especiais, na Espanha, por representantes de 88 países e 25 organizações
internacionais. O documento garante aos portadores de deficiência física o
ingresso no ensino regular.
A coordenadora-geral de Articulação da Política
de Inclusão no Sistema de Ensino da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão, do Ministério da Educação, Suzana Maria
Brainer, destaca que os avanços da inclusão dos deficientes na educação são
crescentes. Ela ressalta que, embora 140 mil jovens e crianças de até 18 anos
que recebem o BPC na Escola ainda estejam fora da sala de aula, esse número
chegava a 374 mil em 2007, quando o BPC foi criado.
Fonte Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário