Milhares de artefatos do final do século 19 e
início do 20 foram encontrados em Ipanema e no Leblon, zona sul do Rio de
Janeiro, durante escavações do metro da Linha 4 que ligará a Barra da Tijuca,
zona oeste, à Tijuca, zona norte. Esta é a segunda vez que milhares de peças
são encontradas pela equipe de arqueologia contratada pelo Consórcio Linha 4
Sul. A primeira foi no ano passado ao lado da antiga estação da Leopoldina,
centro da capital fluminense.
As cerca de 1.800 peças incluem porcelanas, pratos,
tigelas, talheres, moedas, vidro e trilhos do bonde que funcionou nos bairros a
partir de 1902. O coordenador da equipe que investiga a existência de artigos
históricos no local, Cláudio Prado de Mello, explicou que os artefatos ajudarão
a revelar detalhes desse período de ocupação da região, quando os bairros
tinham cerca de 100 chácaras, de acordo com documentos históricos.
O trabalho arqueológico começou em janeiro de 2013
e tem a fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) e Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). “O trabalho
arqueológico continua até a inauguração do metrô, em 2016. Hoje mesmo estávamos
dando uma entrevista quando encontraram um outro sistema do bonde”, disse.
Alguns utensílios estão intactos como peças de
louça, porcelana e frascos de vidro. Até penicos foram encontrados, alguns com
matéria orgânica no interior. Eles serão encaminhados para a Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), para que passem por análise de paleoparasitologia.
“Vamos tentar descobrir as doenças que esse povo de
100, 200 anos atrás tinha”, disse o arqueólogo. “Será mais uma contribuição da
ciência arqueológica para a médica. Isso pode engradecer e muito o conhecimento
da parasitologia”, completou.
Outra curiosidade é uma ampola de vidro com líquido
translúcido ainda não identificado. Todo o material recolhido está acondicionado
e será estudado e exposto em trabalhos de educação patrimonial para a
comunidade, como orienta o licenciamento ambiental, instituído pela Lei
6.938/81 e pela Resolução do Conama n° 237 de 19 de dezembro de 1997. Além
disso, as peças serão organizadas e fotografadas para a produção de um
catálogo.
O arqueólogo explicou que o aprofundamento da
origem dos artefatos pode ajudar a estabelecer explicações para contatos entre
sociedades diferentes, relações de comércio antes desconhecidas, Prado de Mello
ainda tem esperanças de encontrar vestígios pré-coloniais na área. “Um
sepultamento indígena, um acampamento indígena, do século 8, pois viviam ali as
tribos Jaboracyá e Kariané”, explicou o arqueólogo.
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário